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Tilapia Lake Virus (TiLV)



Foto apenas ilustrativa – Mauro Caetano Filho
Grandes mortalidades de tilápias vem ocorrendo em alguns países da Ásia, África e América Latina. É o Tilapia Lake Virus (TiLV) que foi diagnosticado na Colômbia, Equador, Egito, Israel e Tailândia. É provável que TiLV possa ter uma distribuição mais ampla do que se conhece hoje e sua ameaça à criação de tilápia a nível mundial é significativa.
Existe uma grande preocupação com a disseminação do vírus através da movimentação de tilápias vivas ou através de produtos de tilápias processados como filé fresco. Por isso é importante implantar medidas de biossegurança para prevenir o deslocamento desta importante patologia, já que não existe uma forma de controle por se tratar de uma virologia.
O TilV não é um problema de saúde pública por não se tratar de uma zoonose, porém irá causar muitos problemas socioeconômicos. A tilápia faz parte da nutrição de muitas populações do continente africano e em outros países este peixe é economicamente importante para a piscicultura.
A taxonomia ainda não está bem definida, foi inicialmente descrito por Eyngor et al.(2014) como um novo vírus da família Ortomyxoviridae.
A transmissão da doença também não está bem esclarecida, mas é provável que ocorra pela circulação de animais aquáticos vivos e portanto de forma horizontal (coabitação).
Aparentemente os surtos ocorrem mais no verão e causa mais mortalidade nas formas jovens (alevinos e juvenis), mas peixes maiores também podem ser afetados.
Os surtos de doenças são frequentemente caracterizados por infecções bacterianas e parasitárias secundárias, levando a taxas de mortalidade de mais de 50% em populações de tilápias jovens.
Sinais clínicos e descrição de caso
A mortalidade em massa de tilápias cultivadas (20-90%) é um sinal indicativo de infecção com TiLV. Os sinais clínicos incluem lesões dérmicas e úlceras, anomalias oculares, opacidade da córnea, perda de apetite, movimento lento, recolhimento ao fundo do viveiro. Os principais órgãos infectados são os olhos, pele, fígado, baço e cérebro.
Segundo Eyngor et al., 2014, as lesões macroscópicas causaram alterações nos olhos, como opacidade da córnea e em muitos casos rompimento da retina. Ocorrem erosões cutâneas (na pele), hemorragias nas meninges e congestão no baço. As lesões microscópicas no cérebro incluíam edema, hemorragias nas leptomeninges, e congestionamento capilar tanto no branco como no cinza matéria e degeneração neural. Focos da gliose e punhos perivasculares ocasionais de linfócitos foram detectados. Lesões oculares incluíram ruptura da cápsula lenticular e alterações como cataratas.
O baço apresentou-se hiperplásico, com proliferação de linfócitos. Centros de melanomacrofagos (MMCs) foram aumentados em tamanho e número tanto no fígado como no baço. A microscopia eletrônica confirmou a presença de um vírus tipo ortomixa dentro de um hepatócito e, portanto, confirmou relatórios anteriores de hepatite sincicial (Del-Pozo et al., 2016).
MÉTODOS DE CONTROLE:
Não há tratamento para patógenos virais. O impacto do TiLV tem que ser gerido através de intervenções de gestão ao nível da exploração, com controles de biossegurança e movimento restrito e regulado de animais de pisciculturas afetadas. É importante a notificação dos órgãos de controle epidemiológicos.
Implementação de programas de capacitação e conscientização em diferentes níveis piscicultores, operadores de incubadoras, agentes da cadeia produtiva, para apoiar a implementação de programas simples de biossegurança.
Sugestão de protocolo para higienização e sanitização visando o controle de transmissão de TilV e outras patologias (doenças):
Os protocolos quando colocados em prática objetivam reforçar o controle sanitário, visando minimizar os riscos de introdução de doenças nas unidades de produção. Os protocolos de biossegurança devem ser muito rígidos e devem levar em consideração todas as possibilidades.
1.  Desinfecção de veículos por Pulverização:
·         Higienização e lavagem com solução de detergente;
·         Secagem durante 30 minutos;
·           Aplicação de solução de desinfetante (dosagem recomendada pelo fabricante).
·          Secagem.
Observações:
·         O local de lavagem e desinfecção não deve ser dentro da área que está situada a piscicultura;
·           A sanitização só será efetiva se for feita de acordo com a sequência: lavagem, secagem, pulverização e secagem.
·          O efluente da higienização deve ser descartado para um local onde pode ser degradado e tratado;
·           É importante que as embalagens em que os peixes foram transportadas sejam descartadas no local de entrega.
2.  Higienização de utensílios, equipamentos e outros:
• Fazer a higienização e sanitização de bandejas, incubadoras, macacões, hapas, puçás, botas, e outros; utilizando a mesma solução de desinfetante. Adotar este procedimento como rotina.
• Controlar pragas como ratos, gambás, insetos, formigas, moluscos e outros animais nas imediações dos depósito de materiais, rações e nos viveiros. Bem como no interior do laboratório.
• Controlar a entrada de visitantes no interior dos laboratórios e nas áreas de produção. Colocar substâncias desinfetantes nas aberturas de acesso ao interior dos laboratórios e estufas.
• Aplicar a quarentena em peixes que forem trazidos de outros locais. 
3.  Limpeza e desinfecção dos arredores das construções:
·         A limpeza e a desinfecção dos arredores das construções devem ser feitas da seguinte forma: retirar a sujeira e o lixo existentes ou depositados junto aos prédios, eliminando-os adequadamente;
·           Eliminar o lixo recolhido durante o processo de limpeza de forma adequada para evitar a formação de depósitos de detritos em locais adjacentes aos prédios da piscicultura.
·           Quando houver negligência nesse manejo, poderá ser criado um foco permanente de infecção;
·           Preparar uma solução de desinfetante e pulverizar essas áreas. 
“A limpeza e desinfecção não devem ser tratadas como simples preocupações estéticas, mas como medidas profiláticas de suma importância para a criação”. 02/10/2013 – Mauro Caetano
Filho – CRB:17336-7.
Perspectivas futuras
A existência de peixes que sobreviveram à doença TilV sugere que pode ser montada uma resposta imunitária eficaz contra o vírus. Isto tem aplicações importantes para futuras estratégias de contenção de doenças. Com o desenvolvimento de uma vacina.
Bibliografia
R Dinesh, M Rosalind George, K Riji John and Sherry Abraham. TiLV - A worldwide menace to tilapiine aquaculture. Journal of Entomology and Zoology Studies 2017; 5(2): 605-607.
Del-Pozo, J., Mishra, N., Kabuusu, R., Cheetham, S., Eldar, A., Bacharach, E., Lipkin, W.I., & Ferguson, H. W. (2016). Syncytial Hepatitis of Tilapia (Oreochromis niloticus L.) is Associated With Orthomyxovirus-Like Virions in Hepatocytes.  Veterinary Pathology. https://doi.org/10.1177/0300985816658100
Eyngor, M., Zamostiano, R., Tsofack, J. E. K., Berkowitz, A., Bercovier, H., Tinman, S., Lev, M., Huryitz, A., Galeotti, M., 7 Eldar, A. (2014). Identification of a novel RNA virus lethal to tilapia. Journal of Clinical Microbiology, 52(12), 4137–4146. https://doi.org/10.1128/JCM.00827-14
FAO. (2014).The state of world fisheries and aquaculture. Food and Agriculture Oraganization of the United Nations (Vol. 2014). https://doi.org/92-5-105177-1

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