“A IMPORTÂNCIA DAS BOAS PRÁTICAS DE MANEJO NA ESTOCAGEM DE ALEVINOS”

O sucesso da criação de peixes depende de um bom planejamento, a começar pela escolha de espécie mais aceita pelo mercado consumidor. Escolhida a espécie o criador deve pesquisar sobre os melhores fornecedores de alevinos deste peixe, comprar alevinos de linhagens melhoradas geneticamente e de laboratórios de bons fornecedores. Planejar antes a drenagem do viveiro, a desinfecção, calagem e a fertilização. Tudo deve ser sincronizado para quando receber os alevinos os viveiros estejam preparados para a estocagem destes. O objetivo desta publicação é fornecer sugestões em relação às boas práticas de manejo para o preparo do viveiro e estocagem dos peixes. 

I – DRENAGEM, DESINFECÇÃO E VAZIO SANITÁRIO DO VIVEIRO:

Após a drenagem total do viveiro, caso haja necessidade, fazer a aplicação de cal virgem (óxido de cálcio) na dosagem de 100 a 200 gramas por m², ou verificar a quantidade mais usada na região; o objetivo desta aplicação é fazer uma boa desinfecção do viveiro, para a prevenção de doenças e também corrigir a alcalinidade total e consequentemente O pH.

O passo seguinte é fazer um vazio sanitário de pelo menos uma semana, para que haja ação do sol eliminando os patógenos e fazendo a mineralização da matéria orgânica.

II – ABASTECIMENTO DO VIVEIRO:

Antes de abastecer o viveiro fazer uma checagem de canais e tubulações para verificar possíveis problemas ou se há necessidade de limpeza ou desentupimento dos mesmos. Bem como, colocar tela na entrada para prevenir a entrada de predadores ou outros peixes no viveiro.

A malha da tela da entrada deve ser de 2 mm, e sempre deve-se fazer a limpeza para que não haja entupimento e falte água no viveiro. Deve-se colocar tela com uma malha de 5 mm para que não haja fuga dos alevinos, depois esta tela deve ser substituída por outra de diâmetro maior para não haver entupimento do sistema de drenagem. Todos os dias deve-se fazer uma limpeza das telas.

III – PREPARO DO VIVEIRO: CALAGEM E ADUBAÇÃO

A qualidade do calcário é muito importante para a ação e aproveitamento deste, observar o teor de cálcio que deve ser superior a 80% e o PRNT o mais elevado possível ou seja superior a 150%. Dar preferência ao calcário dolomítico.

Como fazer a aplicação do calcário:

Antes da aplicação fazer o teste da concentração da alcalinidade total, que deve estar entre 50 a 130 mg/L de CaCO₃. Abaixo de 50 mg/L deve ser feito a calagem. Fazer uso de aeradores para misturar melhor o calcário na água.

1.     Medida corretiva: aplicar 300 gramas (g) por 1 m² de área do viveiro, quando o viveiro for novo ou quando foi esvaziado após despesca.

2.     Manutenção: aplicar 25 gramas por semana, polvilhando o calcário sobre a superfície da lâmina de água.

3.     Horário da aplicação: o horário mais indicado para a aplicação situa-se entre as 8 e 10 horas, ligar os aeradores e controlar a entrada de água para melhor aproveitamento do calcário, se não será lixiviado. Após decorrido 3 horas da aplicação medir o pH e se estiver muito elevado fazer uma adubação química ou orgânica para que este volte aos valores próximo do neutro (pH=7) ou então libere a entrada de água até a estabilização do pH.

Obs: realizar a calagem do viveiro quando a coluna de água cobrir toda a área construída.

FERTILIZAÇÃO DA ÁGUA DO VIVEIRO:

 Após 3 a 5 dias da aplicação do calcário fazer a fertilização da água, e para isso existem vários tipos de fertilizantes como o NPK, SUPERFOSFATO SIMPLES OU TRIPLO, FOSFATO MONOAMÔNIO, NITRATO DE CÁLCIO E URÉIA e ETC.

Usar sempre uma mistura de adubação nitrogenada e fosfatada, as recomendações devem ser fornecidas por um técnico especializado em criação de peixes.

Sugestão de fertilização: fracionar a aplicação em 3 dias consecutivos

1.     Dissolver o fertilizante (1 parte de adubo para 10 ou 20 partes de água)

2.     Deixar descansar por 1 a 2 horas e aplicar o fertilizante espalhando sobre a superfície do viveiro.

Fertilizantes:

1.     Fosfato monoamônio ou superfosfato simples: 12 quilos por 1.000 m², se fizer o super simples é necessário acrescentar 5 quilos de ureia à aplicação;

2.     Sulfato de magnésio: 10 quilos por 1.000 m²;

3.     Cloreto de potássio: 06 quilos por 1.000 m².

4.     Farelo de arroz ou de trigo 30 quilos por 1.000 m².

IV – SOLTANDO OS ALEVINOS
Checar as variáveis limnológicas como oxigênio, amônia, nitrito, temperatura e pH antes da soltura. Os parâmetros destas variáveis devem estar dentro das concentrações requeridas para a espécie a ser estocada.
Sempre fazer a aclimatação dos alevinos antes da soltura: colocar as embalagens sobre a água e aguardar entre 15 a 30 minutos, dependendo da diferença de temperatura este tempo pode ser maior. Cuidado para que as embalagens não fiquem expostas diretamente no sol, pois isto causa um aquecimento muito grande dentro desta causando um efeito como se esta fosse uma estufa; isto pode levar à uma grande mortalidade de alevinos.
Quando for fazer a soltura ir misturando as duas águas aos poucos até que haja um equilíbrio entre elas.

V – CUIDADOS COM A NUTRIÇÃO DOS ALEVINOS
A compra da ração deve constar no planejamento, para que quando o criador receber os alevinos estas já estejam na piscicultura a disposição para o uso. Cuidar bem da estocagem, utilizar um local sem umidade, arejado e protegido de roedores e insetos.
A princípio existem boas rações no mercado e como a grosso modo compramos estas de acordo com o teor de proteína bruta devemos dar preferência para produtos com 40 a 45% destas.
Quanto a granulometria esta vai depender do tamanho dos alevinos recebidos e podem ser fareladas ou extrusadas.

VI – FAZER O CONTROLE DE DADOS DA CRIAÇÃO
Crie uma planilha no Excel, onde devem ser anotados dados ambientais, mortalidades, quantidade de ração fornecida, biometrias e outros dados que for de relevância para o controle da criação.