MAURO CAETANO FILHO & HENRIQUE FERNANDES MARTINS
Segundo Morrison et al (2007), a morfologia e a histopatologia
das lesões formadas na doença "hole-in-the-head" ou buraco na cabeça,
comumente encontrados em ciclídeos, é descrita também para a Tilápia do Nilo,
Oreochromis niloticus. As lesões mais graves em alguns peixes estende um canal
pela linha lateral, parte posterior do olho e cabeça (Figura 1). Estas
descrições se assemelham às encontradas em tilápias criadas em tanques-rede e
viveiros verificadas em algumas localidades no Brasil (Figura 2).
Figura 1. Lesões na cabeça e opérculo (hole in head) – Créditos: Morrison
et al (2007).
Noga (2000a) descreve
várias teorias sobre a causa da doença
de "hole-in-the-head",
incluindo a infecção por flagelados
e a deficiência de cálcio, fósforo, vitamina
C e vitamina
D.
De acordo com este autor, a “hole-in-the-head” está associada com o estresse decorrente do excesso de estocagem ou superlotação, má qualidade da água ou deficiência nutricional.
Mais recentemente Paull e Matthews (2001) estudaram a doença hole-in-the-head em dois ciclídeos, o disco Symphysodon discus e o Pterophyllum angelfish scalare; eles descobriram que o flagelado Spironucleus vortens (hexamita) causam lesões na cabeça das duas espécies, e nos intestinos de todos os discus. A infecção sistêmica pelos flagelados foi associada com as lesões graves na cabeça, o que sugere que os flagelados são os agentes etiológicos. Também tem sido relatada em tilápia, em estudos nutricionais (Jauncey e Ross, 1982).
De acordo com este autor, a “hole-in-the-head” está associada com o estresse decorrente do excesso de estocagem ou superlotação, má qualidade da água ou deficiência nutricional.
Mais recentemente Paull e Matthews (2001) estudaram a doença hole-in-the-head em dois ciclídeos, o disco Symphysodon discus e o Pterophyllum angelfish scalare; eles descobriram que o flagelado Spironucleus vortens (hexamita) causam lesões na cabeça das duas espécies, e nos intestinos de todos os discus. A infecção sistêmica pelos flagelados foi associada com as lesões graves na cabeça, o que sugere que os flagelados são os agentes etiológicos. Também tem sido relatada em tilápia, em estudos nutricionais (Jauncey e Ross, 1982).
Os flagelados encontrados nas lesões por Paull e
Matthews (2001), e
as bactérias encontradas em microscopia eletrônica de varredura em tilápia,
podem estar envolvidas na formação
e/ou no crescimento destas lesões, mas
podem não ser a causa primária. Em
tilápia, essas bactérias causam a espongiose e erosão no epitélio. Porém estes trabalhos
não citam uma bactéria específica, apenas os protozoários. Esta doença,
como outras doenças em peixes que envolvem bactérias patogênicas facultativas podem ser controladas; proporcionando boa
qualidade da água e evitando a
superpopulação.
Hexamita: grupo de várias
espécies de protozoários flagelados dos quais três são patógenos de peixes de
água doce.
Tenho
verificado com frequência tilápias com lesões na região da cabeça e opérculo,
principalmente em peixes de tanques-rede. É interessante que não há grandes
mortalidades e os peixes até se recuperam quando melhoramos o manejo e
diminuímos as densidades. Na literatura especializada as lesões são características
às provocadas por Edwardsiella tarda, como hemorragias e necroses
(Figura 2).
Figura 2.
Lesões em tilápias de tanques-rede – Foto: Mauro Caetano Filho
Comparando as imagens, as lesões se assemelham e o prognóstico é que sejam a mesma patologia.
Esse peixe pesou 600 gramas, e estava se alimentando normalmente.
Esse peixe pesou 600 gramas, e estava se alimentando normalmente.
Bibliografias
Alaa E. Eissa1,
*, Manal M. Zaki2 and A. Abdel Aziz3. Flavobacterium columnare/Myxobolus tilapiae Concurrent
Infection in the Earthen Pond Reared Nile Tilapia (Oreochromis niloticus)
during the Early Summer. IBC 2010;2:5, 1-10 • DOI: 10.4051/ibc.2010.2.2.0005.
http://www.ibc7.org
1 Department of Fish Diseases and Management, Faculty
of Veterinary Medicine, Cairo University, Giza, Egypt. 2 Department of
Veterinary Hygiene, Faculty of Veterinary Medicine, Cairo University, Giza,
Egypt. 3 Department of Zoology, Faculty of Science, Cairo University, Giza,
Egypt.
Jauncey, K., Ross, B., 1982. A Guide to Tilapia Feeds
and Feedings. Institute of Aquaculture, University of Stirling, Scotland. 111
pp.
C.M. Morrison, D.
O'Neil, J.R. Wright Jr. Histopathology of “ hole-in-the-head ” disease in the
Nile Tilapia, Oreochromis niloticus. Aquaculture 273 (2007) 427 – 433.
Noga, E.J., 2000a. Problem
89. Freshwater
hole-in-the-head syndrome (Freshwater Head and Lateral Line Erosion, FHLLE).
Fish Disease: Diagnosis and Treatment. Blackwell Publishing, Iowa, p. 244.
Paull, G.C.,
Matthews, R.A., 2001. Spironucleus vortens, a possible cause of
hole-in-the-head disease in cichlids. Dis. Aquat. Org. 45, 197 – 202.
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