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HISTÓRIAS DE PESCARIAS

Neste dia foram sete dourados pescados no local chamado Arrombado - Rio Miranda




O cara que disse “Tá nervoso, vai pescar” nunca viu um anzol na vida, ele deve ser um agitador querendo ver à gente mais estressado ainda...
A pescaria geralmente começa a ser arquitetada mais ou menos uns 3 meses antes, nesse período você tem que convencer a mulher, conseguir agendar as férias e estas tem que coincidir com as datas do companheiros. 
A grana sempre está curta, aí vem o planejamento: vamos acampar que fica mais barato, na parati cabe 5 e a gente leva o barco, motor e toda tralha na carreta... depois de tudo planejado e bem próximo do maior evento do ano, um companheiro diz – oh meu, eu vou ter que comprar um carro pra mulher se não ela não vai dar o alvará - e o outro, quanto vai gastar mesmo? Pôxa meu não tava tudo certo, tava né, mas você sabe né... sei nada não!   

Contornados os problemas aí vamos nós, saindo de Londrina as 18 horas com destino ao rio Miranda no pantanal. Mais ou menos 14 horas depois estamos chegando. Éh precisamos comprar as iscas; aí então o bicho pega,  os vendedores aproveitando a nossa fragilidade empurra tudo que não pega nada de peixe. Se estiver dando pacu, ele vende isca pra dourado ou vice-versa. 
E quando a gente chega à beira do rio e encontra o pirangueiro, que já pescou antes conosco. Então perguntamos o que está saindo de peixe e ele responde: até a semana passada tava pegando muito dourado, mas agora só tá saindo pacu na cabacinha e no tucum. Então você da uma refletida “pqp” e eu gastei quinhentão de isca e não comprei 3 quilos daquela picanha no açougue de Miranda a 15,00 reais o quilo.  O que é mesmo cabacinha? é uma frutinha que parece uma goiaba que tem ali no mato e o tucum é coquinho, o pacu adora... E aí você pode pescar com a gente uns 4 dias? posso (ele responde) a 50 dólares o dia! O cara cobra em dólar!..

Então vamos montar o acampamento, parece que você está narcotificado por viajar a noite toda e não conseguir nem tirar um cochilo, a ansiedade era tanta... você chega ao posto se o carro é a álcool, para na bomba de diesel e por aí se vai...
"Eis aí, a carreta o nosso barco, aquela ponte e o arco-iris"

No outro dia toque de despertar as 5 horas da manhã, levantamos e lá vou eu fazer um cafezinho e por a mesa improvisada, enquanto isso outro companheiro prepara o barco: motor, garrafa de água, isopor com as latinhas, vara pra pacu, vara pra dourado, vara pra pintado, isca de tudo que é jeito e outros petrechos.
Aí começa a indagação... nóis vamos subir ou descer; isso quer dizer uma hora rio abaixo ou uma hora rio acima. E alguém responde! a minha intuição me diz que hoje os peixes estão lá pra baixo do arrombado... E vamos nóis de rodada 1 hora e nada... 2 horas e nada de peixe... aí você fisga um enrosco e o pirangueiro experiente diz: inrosco... meu, dá uma raiva. Depois de muito rodar você fisga um cuiudo o companheiro começa a gritar e dizer cuidado não da ponta de vara... cuidado com a galhada... solta a frição... é de medida... cuidado com o motor... vai cortar a linha e então você tira o peixe e não da a medida permitida para a captura! Mas valeu pela esportividade.
A pescaria apoitada é muito interessante, para-se o barco perpendicular ao barranco e então começa a confusão de linha atravessando a linha do outro, e se enrosca, todo mundo tem que recolher a linha e soltar o barco para tirar do enrosco. 
O duro é quando você arremessa e pega um galho de uma árvore e tem um bando de bugio por perto gritando, aí o seu companheiro começa a tirar um sarro – iche, você pegou o saco do bugio e ele está gritando de dor. 
Ainda apoitado, enrosca o anzol do Hugo e ele tem quase 2 metros de altura e puxa com toda força que Deus lhe deu e a chumbada bate na sua testa que chega furar o chapéu... depois ele diz, desculpa Maurão.  

Após uma semana de pescaria, você começa a achar anta, capivara linda... tá na hora de voltar pra casa. Lar doce lar...
Durante este período você passou por um processo de superação, de dinâmica de grupo, repensou qual é a sua importância dentro da sociedade. O pior de tudo é que a gente vira “mulher de soldado” e tudo o que não fazia em casa começa a fazer, como: fritar ovo para o companheiro que não come peixe... olha que ironia, vai pescar e não come peixe por causa do espinho. 
E quando o companheiro foi dormir de pé redondo e acorda preocupado com a hora e olha o relógio e são meia noite e vinte e cinco minutos, ele confundiu o ponteiro pequeno com o grande e começa a chamar todo mundo achando que são 5 horas da manhã.
  
Esta postagem foi uma forma engraçada de descrever uma pescaria, e aproveito para fazer uma homenagem aos companheiros: Júlio Hermann, Zé Angelozi, Marcelo Carvalho, Marco A. Zanoni, Hugo, Clovis I. Filho, Cação, Adriano, Henrique, Rui Cesar, Fabio, Hermann, Roberto Moreira, Rodrigo Zanolo, Luis Fernando, Claudio Batirola, Ben Laden (in memoria), Paulo Cesar (Índio) e outros tantos. 

Em especial ao saudoso Seu Luís que deve estar contando histórias de pescaria para São Pedro... ele sempre contou as mesmas piadas em todas as pescarias e o pior é que gente ria assim mesmo.
Foi um excelente técnico no departamento de fisiologia da UEL


Tudo tem as suas compensações:
Pacu grelhado ao vinagrete
Só aquele menino magrinho alí de baixo comeu uma banda sózinho - fase de crescimento secundário! 
Bons companheiros
Banho refrescante no rio Vermelho ao lado das piranhas


 Rodrigo Zanolo fez grande pescaria no Rio Teles Pires: Tucunaré e Trairão
Companheiro do dia-a-dia no pantanal: Jacaré do pantanal ou jacaré-piranha (Caiman crocodilus yacare) Alimentam-se de peixes, capivaras, catetos, aves, cobras, caramujos, insetos e carangueijos. Ao contrário das outras espécies sua dieta é mais influênciada pelo habitat que por seu tamanho, possui cerca de 3 metros.
Por tudo isso é que a pescaria sempre vale a pena:

"Abraço a todos os pescadores e que façam a pesca esportiva, para que os nossos rios continuem tendo muitos peixes para as futuras gerações"



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