Utilização da levedura seca de cana de açúcar (Saccharomyces cerevisiae) na alimentação de tilápia, Oreochromis niloticus, Trewavas (1983).
Este experimento teve como objetivo
avaliar o efeito sobre o crescimento em peso e comprimento, índices
hepatossomatático e esplenossomático, hematócrito, hemoglobina e proteína
plasmática da tilápia (Oreochromis
niloticus), utilizando ração com diferentes níveis da levedura (Saccharomyces cerevisae) seca de
cana-de-açúcar. Foram realizados quatro tratamentos com 0%, 20%, 40% e 60% em
substituição a outros ingredientes pela levedura. De acordo com os resultados
os níveis de 20% e 40% apresentaram os melhores índices de crescimento em peso
e comprimento, conversão alimentar e sobrevivência, mas estatisticamente não
houve diferença entre os tratamentos.
ABSTRACT
This
experiment had as objective to evaluate the effect on the growth in weight and
length, indexes hepatossomatic and esplenossomatic, hematocrit, hemoglobin and
protein plasmátic of the tilápia (Oreochromis
niloticus), using ration with different yeast levels (Saccharomyces cerevisae) it evaporates of sugar-cane. Four
treatments were accomplished with 0%, 20%, 40% and 60% in substitution the
other ingredients for the yeast. In agreement with the results the levels of
20% and 40% presented the best growth indexes in weight and length, alimentary
conversion and survival, but statistical analysis didn't have significant
difference among the treatments.
Palavras
Chave: Tilápia, levedura, Saccharomyces
cerevisae, hepatossomático, esplenossomático, hematócrito, hemoglobina e
proteína plasmática.
Mauro Caetano Filho
Utilização da levedura seca de cana
de açúcar (Saccharomyces cerevisiae)
na alimentação de tilápia Oreochromis
niloticus, Trewavas (1983).
MONOGRAFIA APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTAEM
PISCICULTURA, ATRAVÉS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DE PISCICULTURA –
UFLA – FAEPE.
Lavras
2003
Sumário
1. Introdução.............................................................................................. 1
2. Material e Métodos................................................................................. 2
3. Resultados e Discussão.......................................................................... 6
3.1. A água do viveiro de
criação............................................................ 6
3.2. Crescimento e
sobrevivência das tilápias.......................................... 6
3.3. Índice hepatossomático
e esplenossomático..................................... 7
3.4. Hemograma...................................................................................... 8
4. Conclusão............................................................................................. 10
5. Referências bibliográficas..................................................................... 11
6. Anexo...........................................................................................................15
1. Introdução
A levedura seca de cana de
açúcar (Saccharomyces cerevisiae) é
um produto natural obtido no processo de fermentação alcoólica. Durante o
processamento para a produção de 01 litro de álcool são gerados aproximadamente
30 a 40 g de levedura, gerando elevada produção anual destes microorganismos
inativos, que é uma importante alternativa protéica na formulação de rações
para animais; podendo alcançar altos níveis de proteínas (30 a 60%),
carboidratos (15 a 60%), extrato etéreo (1 a 6%) e sais minerais (5 a 10%).
Além de elevados valores protéicos, a levedura apresenta como característica um
bom balanceamento de aminoácidos, onde os níveis de lisina e treonina se
sobressaem em relação a outras fontes protéicas. A levedura se destaca pela
grandeza de vitaminas do complexo B, principalmente tiamina, riboflavina, niacina, ácido
pantotênico. Existe ainda uma quantidade razoável de ergosterol, o que a torna
uma excelente fonte de vitamina D, Mattos et al. (1984).
A levedura possui grande quantidade de aminoácidos essenciais
como a lisina, leucina e valina e concentrações menores de arginina,
fenilalanina e treonina, Mattos et al. (1984). As limitações se referem aos
aminoácidos sulfurados e aromáticos totais, e deficiência em metionina e
cistina, sendo este um fator limitante para o aproveitamento da proteína Leme
(1986).
Segundo Schacklady et al. (1973) apud Alves (1988), o valor
biológico da levedura é inferior ao do farelo de soja, porém quando esta é
suplementada com metionina, resulta numa elevação deste índice, podendo
inclusive ultrapassar o valor biológico da farinha de peixe, o que comprova a
deficiência da levedura em aminoácidos sulfurados.
A
primeira referência sobre o uso da levedura no arraçoamento de peixes coube a
Tunison et al. (1942) apud Medri et al. (1999), que, através da incorporação de
levedura seca na dieta para trutas, descobriu que as doenças branquiais eram
reduzidas. De acordo com Nas-NRC (1983), apud Medri et al. (1999), é desejável
que se faça substituição dos ingredientes convencionais nas rações para a
obtenção de menor custo dietário; porém, é necessário que haja informações
sobre o valor biológico desses produtos.
Segundo
Pádua (1996) apud Bacarin et al. (2000), a qualidade de um ingrediente, deve
ser avaliada não apenas sob o ponto de vista dos nutrientes, mas também das
prováveis ações antinutricionais e, principalmente, das alterações metabólicas
que podem afetar ao organismo do animal. Tais informações são particularmente
importantes, pois auxiliam na interpretação das modificações induzidas por
condições intrínsecas, como o estado fisiológico e nutricional. Embora a
levedura seca de cana de açúcar seja um produto rico em nutrientes ainda
existem poucas investigações sobre o desempenho produtivo de peixes.
Este
trabalho teve como objetivo determinar os valores médios do comprimento, peso
total e pesos hepáticos e esplênicos, índice hepatossomático (RHS),
esplenossomático (RSS), hematócrito, taxa de hemoglobina e proteína plasmática
total para a tilápia (Oreochromis niloticus),
criada em hapas com ração contendo diferentes porcentagens de levedura, na
Estação de Piscicultura da Universidade Estadual de Londrina – PR (EPUEL).
2. Material e Métodos
O experimento constou de 04
tratamentos com 03 repetições. Foram utilizados 12 hapas com malha de 03 mm
(como unidades experimentais), instalados em viveiro de 200 m2 e 01
m de profundidade média (Figura 1). Cada hapa foi estocado com 10 peixes.
Durante o período de experimento a
água do viveiro teve renovação diária de 5% sobre o volume total, para
manutenção das características físicas e químicas desejáveis a sobrevivência,
manutenção e crescimento dos peixes.
O balanceamento da ração foi
efetuado através de programa computacional. As 04 rações foram balanceadas para
serem isoproteícas e isocalóricas contendo quantidades variáveis de levedura em
substituição à proteína de fontes tradicionais (Anexo 1), onde: T1 sem
adição de levedura constituiu o grupo controle e T2, T3 e
T4 com 20%, 40% e 60%, respectivamente, foram os grupos testes. Os ingredientes
das rações foram misturados na fábrica de ração da Cooperativa da Produção
Integrada do Paraná, Londrina – PR e peletizadas no Laboratório da Estação de
Piscicultura da Universidade Estadual de Londrina, utilizando-se moedor de carne
elétrico e secagem em estufa. Os peixes foram alimentados 2 vezes ao dia com a
taxa de 2% sobre o peso vivo.
Foram realizadas biometrias antes da
estocagem dos peixes e a cada 28 dias, bem como as análises limnológicas do
viveiro.
As variáveis limnológicas analisadas
e os métodos utilizados foram os seguintes:
oxigênio
dissolvido e temperatura da água através de um oximetro YSI55; pH e
condutividade elétrica através de um pH eletrônico modelo CE – F 1002 e
condutivímetro digital modelo Analion C - 702, respectivamente; alcalinidade
total por titulação ácida usando alaranjado de metila como indicador; nitrito e
nitrogênio amoniacal por espectrofotometria, segundo Paranhos (1996) e
ortofosfato pelo método espectrofotométrico descrito por Carmouze,1995).
Ao final do experimento, cada peixe
foi anestesiado em solução com benzocaína 1:5000 (BEVERIDGE; MCANDREW 2000),
para a determinação do peso e comprimento total, utilizando-se balança
eletrônica com sensibilidade mínima de 0,01 g e ictiômetro graduado em mm, e
coleta do sangue dos mesmos por punção caudal. Em seguida, a eutanásia dos
peixes foi realizada por comoção cerebral dando seqüência à necropsia e coleta
do fígado e baço para pesagem.
Para os
dados obtidos estimou-se:
1)
Sobrevivência(S):
2)
Ganho de peso (GP):PF-PI/TEMPO (DIAS)
3)
Crescimento (Cr):CF-CI EM CM
4)
Ganho de peso diário(GPD): G/DIA
5)
Conversão alimentar (CA): CR/QUILOS PEIXES
Com os
dados dos pesos de 5 peixes escolhidos ao acaso, determinou-se:
6)
Índice hepatossomático (RHS):
7)
Índice esplenossomático (RSS)
1) Volume
globular pelo método do microhemátocrito;
2)
Concentração de hemoglobina pelo método da cianometahemoglobina;
3)
Determinação de proteína total pelo método da refratometria (JAIN, 1986;
KRUBEC, SMITH, 2000).
Os resultados obtidos para as
diferentes variáveis foram submetidos à análise de variância, ao nível de 5% de
probabilidade.
3. Resultados e Discussão
3.1. A água do viveiro de criação
Segundo Boyd (1990), as variáveis
mais importantes a serem monitoradas em criação de peixes, são: temperatura,
alcalinidade, oxigênio dissolvido, pH, amônia, nitrito e fósforo. As variáveis
foram satisfatórias e estiveram de acordo com os níveis recomendados por Tavares
(1994), e não comprometeu o desenvolvimento dos peixes. Entretanto a
temperatura nos meses de julho, agosto e setembro, se mantiveram abaixo dos
níveis remendados para a tilápia, estando entre 19°C e 15,6°C. Segundo Kubitza (2000)
com valores acima de 32°C e abaixo
de 27°C os peixes
reduzem o apetite e o crescimento, temperaturas abaixo de 20°C o apetite fica
extremamente reduzido e aumenta o risco de doenças nos peixes.
Tabela 1.
Resultados das análises limnológicas realizadas durante o experimento.
Data
|
Horas
|
Temp
°C
|
O2D
mg/L
|
pH
|
Alcalinidade
mg/L
|
Nitrito
mg/L
|
NH4/NH3
mg/L
|
Cond.
mS
|
Ortofosfato
mg/L
|
27/05/02
|
08:30
|
27,3
|
3,02
|
7,4
|
57,7
|
0,09
|
0,015/0
|
45,2
|
0,05
|
05/07/02
|
08:40
|
19,0
|
4,55
|
7,5
|
35
|
0,18
|
0,05/0
|
38,7
|
0,03
|
05/08/02
|
08:00
|
18,2
|
5,29
|
6,8
|
26
|
0,19
|
0,19/0
|
35,3
|
0,03
|
03/09/02
|
08:10
|
15,6
|
7,82
|
6,5
|
37,5
|
0,18
|
0,04/0
|
50
|
0,02
|
01/10/02
|
08:15
|
24,0
|
5,06
|
7,2
|
60,5
|
0,21
|
0,19/0
|
52,5
|
0,03
|
3.2. Crescimento e sobrevivência das tilápias
Os
resultados obtidos para peso e comprimento
médios totais do grupo controle (T1) e dos grupos-teste (T2,
T3 e T4), demonstrados na tabela 2, não apresentaram
diferenças estatísticas significativas (P>0,05). Porém, podemos considerar
que o ganho de peso e o crescimento foram maiores nos tratamento T2 e
T3, assim como, a conversão alimentar que esteve abaixo dos valores
encontrados para o tratamento T4.
Apesar das baixas temperaturas
durante o período de experimento os peixes do grupo controle e dos grupos-teste
apresentaram crescimentos satisfatórios, com ganho diário de 0,89g, 1,03g,
1,09g e 0,93g para os tratamentos T1, T2, T3 e
T4, respectivamente. Caetano Filho et al., 2002, obtiveram 1,60g,
1,13g, 1,99g e 2,09g, para tilápias (Oreochromis
niloticus) criadas em tanques-rede com rações comerciais extrusadas de
diferentes marcas com 28%, 30%, 32% e 32% de proteína bruta, neste estudo
deve-se considerar que as temperaturas variaram entre 22 e 26 C,
influenciando positivamente no resultado. Para Logato (1999), o ganho de peso é
maior quando utiliza dietas extrusadas. Os resultados obtidos neste trabalho
podem ser considerados satisfatórios por ter utilizado rações peletizadas, e
manufaturadas de forma artesanal (anexo 1).
A
conversão alimentar apresentou índices dentro da faixa esperada para a espécie
na modalidade de criação utilizada (em hapas), que, segundo Campbell (1985) e
Carro-Anzollotta e Mc Ginty (1986) apud Cantelmo (1999), a conversão para a
tilápia em tanques-rede, varia de 1,7 a 3,3. O melhor índice de conversão
obtido foi no tratamento T2 (20% de levedura) e o pior foi para o tratamento T4 com maior nível de levedura
(60%), tabela 2.
A sobrevivência dos peixes foi maior nos
tratamentos com adição de levedura na dieta, já o grupo controle teve a maior
taxa de mortalidade (40%). Desta forma podemos considerar que o uso da levedura
foi benéfico aos peixes aumentando a resistência destes, melhorando assim a
sobrevivência nos tratamentos T2, T3 e T4.
Tabela 2. Crescimento,
sobrevivência e conversão alimentar obtidos nos tratamentos T1, T2,
T3 e T4.
T
|
Wt I
(g)
|
Wt F
(g)
|
GP
(g)
|
Lt I
(cm)
|
Lt F
(cm)
|
Cr
(cm)
|
S %
|
CA
|
|
T1
|
116,72
|
260,39
|
143,67
|
17,98
|
24,10
|
6,12
|
60
|
2,693
|
|
T2
|
116,40
|
290,25
|
173,85
|
18,02
|
25,33
|
7,31
|
93,33
|
2,266
|
|
T3
|
117,18
|
302,29
|
185,11
|
17,84
|
25,22
|
7,38
|
83,33
|
2,819
|
|
T4
|
116,28
|
273,92
|
157,64
|
18,02
|
24,51
|
6,49
|
83,33
|
3,253
|
|
T = tratamento
|
Lt I = Comprimento inicial
|
S = Sobrevivência
|
|||||||
Wt I = Peso inicial
|
Lt F = Comprimento
final
|
||||||||
Wt F = Peso final
|
Cr = Crescimento
|
||||||||
GP = Ganho de peso
|
CA = Conversão
alimentar
|
||||||||
3.3. Índice hepatossomático e esplenossomático
De
acordo com Quentel & Obach (1992) a determinação dos valores padrão para o
índice hepatossomático e esplenossomático é importante para a compreensão dos
distúrbios hepáticos e esplênicos, que podem ocorrer durante processos
patológicos e disfunções nutricionais causadas por dietas desbalanceadas.
O peso médio de fígado encontrado
por Tavares-Dias et al. (2000, a), foi de 6,100 g para tilápias (Oreochromis niloticus) com peso médio de
420,00 g, este valor pode ser comparado aos deste experimento (tabela 3). Os
índices hepatossomáticos obtidos foram de 1,30 a 1,46(%), enquanto que
Leonhardt (1997) obteve de 1,34 a 1,63(%) para tilápias pesando entre 376,81g e
396,40g alimentadas com ração extrusada contendo 28 (%) de proteína bruta,
criadas em hapas. Tavares-Dias et al. (2000-a), estudando tilápias de
“pesque-pague” obteve 1,44(%). Segundo Heeidinger & Crawford (1977) apud
Tavares-Dias et al. (2000), variações na quantidade de gordura e/ou glicogênio
estocados no fígado influenciam significativamente no peso desse órgão, alterando
assim o índice hepatossomático. O ciclo reprodutivo, e o sexo do peixe também
podem influenciar o índice hepatossomático devido a passagem de material do
fígado para as gônadas na época de reprodução.
Os valores obtidos para os índices
hepato e esplenossomáticos nos quatro tratamentos foram submetidos à análise de
variância e não diferenciaram entre si (P>0,05), tabela 3.
O
baço é um órgão eritropoiético e leucopoiético, a esplenomegalia ocorre devido
a mecanismos bioquímicos e fisiológicos necessários para a manter a homeostasia
orgânica, resposta a infecções ou a outro tipo de agressão ambiental. O aumento
do baço sugere ainda o desenvolvimento de respostas leucocitárias às infecções
ou a produção de eritrócitos para a reposição sanguínea em casos de processos
anemiantes.
Os
valores obtidos por Tavares-Dias et al. (2000, a), foram maiores quando
comparados aos do experimento realizado na EPUEL, sendo o peso do baço 0,210g e
o índice esplenossomático de 0,052%, utilizando tilápia com peso médio de 420g.
Entretanto Tavares-Dias et al. (2002), utilizando tilápias (Oreochromis niloticus) com peso médio de
151,0g obteve índice de 0,090g, desta forma podemos sugerir que o
tamanho do baço pode variar de acordo com tamanho do peixe, sendo que os peixes
menores possuiriam o baço maior, influenciando assim no valor do índice.
Os
valores médios dos pesos dos baços e os índices esplenossomáticos não diferiram
estatisticamente entre os tratamentos (tabela 3). Os índices obtidos estão
dentro da faixa de valores da literatura citada, sugerindo que os tratamentos
com diferentes níveis de levedura não causou alteração esplênica aos peixes.
3.4. Hemograma
As alterações no hemograma, de modo
geral, estão relacionadas com enfermidades dos animais. A avaliação dos
parâmetros sanguíneos é importante para diagnosticar o bem estar ou não dos
indivíduos submetidos a diferentes condições de criação e a testes com novos
ingredientes em rações experimentais como neste estudo.
Os índices médios dos hematócritos
determinados para os 04 tratamentos não apresentaram diferenças estatísticas
significativas (P>0,05). Os valores obtidos são semelhantes aos encontrados
por outros autores, como; 28,60+7,30% por Tavares-Dias et al. (2000, b);
28,70% Adeparusi & Ajayi (2000). Pádua & Urbinati (2002) substituíram
proteínas convencionais pela levedura de destilaria no arraçoamento para
juvenis de pacu, Piaractus mesopotamicus,
e obtiveram índices de 31,58 a 32,43%. Ranzani-Paiva et al. (1999), estudando
pacu de cativeiro com 01 ano e 6 meses obteve hematócrito de 29,50%. De acordo
com os valores obtidos para o pacu, que são semelhantes aos verificados para a
tilápia, levando-nos a considerar que estes estão dentro da normalidade e a
substituição de até 60% de levedura na ração não causou alteração nos índices
de hematócrito desta.
A hemoglobina é um importante
carreador de oxigênio para os tecidos e uma alteração nos índices desta pode
causar sérios danos aos peixes e outros animais, levando a mortalidade destes
pela falência dos órgãos vitais. O déficit de oxigênio leva ainda a uma
diminuição no metabolismo e no libitum
dos peixes para a procura de alimento, e isto irá interferir no crescimento e
na conversão alimentar destes.
As taxas de hemoglobina não
diferenciaram entre os tratamentos, sendo o maior valor de 7,84±0,77 g/dL, (tabela 3) e estão próximos ao obtido por
Tavares-Dias et al. (2000, b) para tilápias criadas em “pesque-pague” que foi
de 9,3+3,4 g/dL. Entretanto Ranzani-Paiva et al. (1999), obteve para
pacu 7,3 g/dL, levando a considerar que estas taxas podem variar de acordo a
idade e a espécie investigada.
Tabela 3.
Valores médios e desvio padrão das variáveis biométricas do fígado, baço e as
características hematológicas de O.
niloticus.
T
|
Pf (g)
|
RHS (%)
|
Pb (g)
|
RSS (%)
|
Ht (%)
|
Hb (g/dL)
|
Pt (g/dl)
|
|
T1
|
3,46±1,35
|
1,30±0,27
|
0,34±0,19
|
0,13±0,05
|
28,00±8,72
|
7,42±0,62
|
5,13±1,62
|
|
T2
|
4,17±1,56
|
1,43±0,27
|
0,27±0,14
|
0,10±0,05
|
31,20±4,27
|
7,84±0,77
|
5,67±0,57
|
|
T3
|
3,91±1,28
|
1,28±0,22
|
0,35±0,25
|
0,14±0,17
|
28,47±3,38
|
7,42±0,94
|
5,41±0,36
|
|
T4
|
4,05±1,53
|
1,46±0,26
|
0,35±0,32
|
0,12±0,09
|
29,73±2,56
|
7,80±1,11
|
5,27±0,39
|
|
T = Tratamento
|
RSS = Índice
esplenossomático
|
|||||||
Pf = Peso do fígado
|
Ht = Hematócrito
|
|||||||
RHS = Índice hepatossomático
|
Hb = Hemoglobina
|
|||||||
Pb = Peso do baço
|
Pt = Proteína plasmática total
|
|||||||
Os valores da proteína plasmática
total não diferenciaram estatisticamente entre os tratamentos (P>0,05),
sendo de 5,13±1,62 a 5,27±0,39 g/dL, estando
próximos aos encontrados por Leonhardt et al. (2000) que foram de 4,69 a 5,53
g/dL em Oreochromis niloticus, e
Kanebo (1993) apud Leonhardt et al. (2000) que obteve para Oreochromis mossambicus 3,18 e 5,0 g/dL para machos e para fêmeas,
respectivamente. Os valores obtidos comprovam que os tratamentos não
influenciaram nos níveis das proteínas plasmáticas, sendo estas semelhantes aos
dados determinados por outros autores.
4. Conclusão
Embora a temperatura atingiu valores
inferiores aos recomendados pela literatura em determinado período, a média de
crescimento geral se manteve razoável, com ganho diário nos tratamentos T2
e T3 de 1,03g e 1,09g, que apresentaram melhor crescimento em
relação a T1 e T4, embora não tenham sido observadas
diferenças estatísticas entre os tratamentos. As demais variáveis analisadas
como índice hepatossomático e esplenossomático, hematócrito, hemoglobina e
proteína plasmática total estão de acordo com os parâmetros observados por
outros autores, e não apresentarem diferenças estatísticas, sugerindo que a
adição de levedura na porcentagem de 20, 40 e 60% não causou nenhum prejuízo
para os peixes analisados. Entretanto podemos concluir que a adição de até 60%
de levedura na ração foi viável para a criação de tilápias, por apresentar
melhores valores de crescimento em peso.
5. Referências bibliográficas
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