Principais
doenças que afetam os peixes no ambiente de criação
Doenças onde os agentes causadores são
os microrganismos denominados protozoários.
Este
grupo causa a maior parte das perdas de peixes e em todas as fases de criação,
mas principalmente na fase inicial. Infestam de ovos a peixe pronto para o
abate. Os protozoários são parasitas ou podem ser comensais, que se tornam
patogênicos, quando ocorre um desequilíbrio no ambiente de criação: como,
alteração brusca de temperatura para + ou para -, baixa concentração de
oxigênio dissolvido na água, grande quantidade de matéria orgânica, baixas
concentrações de cálcio e outros íons, elevada de concentração de amônia e
nitrito. A quantidade de peixes estocados também é importante para a manutenção
do equilíbrio ambiental e prevenção das enfermidades. Assim como um bom manejo
nutricional e alimentar. Estas considerações são aplicadas a todos os tipos de
patogenias que acometem os peixes.
Caracterização
de um protozoário:
Muitos protozoários apresentam orgânulos
especializados em determinadas funções, daí serem funcionalmente, semelhantes
aos órgãos. Suas células, no entanto, podem ser consideradas “pouco
especializadas”, já que realizam sozinhas, todas as funções vitais dos organismos
mais complexos, como locomoção, obtenção do alimento, digestão, excreção, reprodução.
Nos seres pluricelulares, há divisão de trabalho e as células tornaram-se muito
especializadas, podendo até perder certas capacidades como digestão, reprodução
e locomoção. São seres unicelulares,
eucariontes, com organelas adaptadas ao parasitismo, membrana lipoprotéica para
limitar as trocas (permeabilidade), que pode ser fina ou grossa, uninucleados, sendo
que o período que precede a divisão pode ter vários núcleos, presença de organelas estáticas, como a membrana
cística, e de organelas dinâmicas,
como flagelo e cílios. A célula do protozoário tem uma membrana simples ou
reforçada por capas externas proteicas ou, ainda, por carapaças minerais, como
certas amebas (tecamebas) e foraminíferos. Há estruturas de sustentação, como
raios de sulfato de estrôncio, carapaças calcárias ou eixos proteicos internos,
os axóstilos, como em muitos
flagelados. O citoplasma está diferenciado em duas zonas, uma externa, hialina,
o ectoplasma, e outra interna, granular, o endoplasma. Nesta, existem vacúolos
digestivos e inclusões. Informações extraídas de Ahid,
S.M.M., 2009, Apostila Didática em Protozoologia Veterinária. ahid@ufersa.edu.br.
1.
GêneroTricodina:
São protozoários ciliados que possuem dentro
corpo circular um disco adesivo, rodeados por uma coroa com de dentículos.
Através de raspado a fresco, da superfície corporal, brânquias, nadadeiras e
narina, ao microscópio pode-se verificar o movimento circular dos dentículos. Os
tricodinas proliferam em ambientes com excesso de matéria orgânica.
Tricodina.
Sinais clínicos
Os
sinais mais comuns são grande quantidade de muco sobre o corpo e brânquias;
sinais de asfixia por danos as brânquias, os peixes ficam próximos à entrada de
água, natação errática e na superfície ou parados próximos às margens do
viveiro ou tanque.
Patogenia
Hemorragias
e desintegração do epitélio, hiperplasia das células das brânquias e em geral.
As lesões provocadas abrem portas de entradas para infecções por fungos e
bactérias. A infestação por Tricodinas,
na maioria das está associada a outros parasitas ou patógenos.
2. Gênero Ichthyophthirius multifiliis:
Protozoário
arredondado e ocasionalmente ovalado, ciliado com ± 1,0 mm de tamanho. Na forma
adulta denominada Trofonte apresenta um núcleo central em forma de ferradura.
Parasita os tecidos do corpo e brânquias, quando atinge a maturidade sai do
peixe e se se aloja no fundo do viveiro sobre o substrato. Esta forma chamada
de tomonte, que irá sofrer divisões binárias gerando tomitos, que por sua vez
se transformarão nas formas infectantes denominadas terontes, que precisa
encontrar um hospedeiro em poucas horas ou caso contrário morrerão, mas este
tem condições também de completar o ciclo no corpo do peixe.
Forma adulta ou teronte, macronúcleo em forma de ferradura.
Sinais
clínicos
Para
a ictiotiriose, se aplicam todos os sinais da tricodiníase, além da presença de
pontos brancos sobre a as escamas, nadadeiras, opérculo, boca e brânquias.
3. Piscinoodinium é um dinoflagelado que causa a "doença da poeira dourada", o corpo do peixe fica acizentado ou amarelado e ocorre grande mortalidade, como veremos abaixo. Os cuidados na hora da identificação ao m.o. é não confundi-los com o Ichthyophthirius. O núcleo do Piscinoodinium e circular e não em forma de ferradura.
Grande quantidade de peixes mortos e ao fundo os urubus prontos para a limpeza.
Foto: Mauro Caetano Filho.
Alta mortalidade de Astyanax alptiparanae (Lambari) causada por Ichthyophthirius, na região de Londrina - PR - Foto: Mauro Caetano Filho |
Matrinxã (Brycon cephalus) por Ichthyophthirius em Tamarana - PR, onde a região é muito fria pra as espécies amazônicas. Foto: Mauro Caetano Filho |
3. Piscinoodinium é um dinoflagelado que causa a "doença da poeira dourada", o corpo do peixe fica acizentado ou amarelado e ocorre grande mortalidade, como veremos abaixo. Os cuidados na hora da identificação ao m.o. é não confundi-los com o Ichthyophthirius. O núcleo do Piscinoodinium e circular e não em forma de ferradura.
Piscinoodinium (Oodinium) em aumento de 100x ao m.o., causou mortalidade de 6.000 quilos de catfish Ictalurus punctatus. Foto: Mauro Caetano filho. |
Grande quantidade de peixes mortos e ao fundo os urubus prontos para a limpeza.
Foto: Mauro Caetano Filho.
Mortalidade de catfish - Foto: Mauro Caetano Filho |
Saprolegniose:
Patologia causada pelo fungo Saprolegnia, que pode
ser identificado pelo crescimento do micélio branco ou cinza claro com aspecto
de algodão. A infecção pode ocorrer em ovos, larvas, alevinos e peixes adultos.
A doença se manifesta inicialmente com a despigmentação na pele dos peixes,
seguida da multiplicação e elongação das hifas (filamentos) formando os típicos
"tufos de algodão".
Sinais clínicos:
Lesões
corporais como, necroses, úlceras e furúnculos; manchas despigmentadas pela pele;
áreas necrosadas nas brânquias e nadadeiras desfiadas ou necrosadas (erosão ou
podridão).
Tilápias com lesões e nadadeiras desfiadas e com as hifas do Saprolegnia |
Tilápia com a infecção fúngica |
Alterações
comportamentais: Natação vagarosa ou fica parado (letargia), perda do apetite e
ficar boqueando na entrada da água ou na superfície (sintomas de asfixia).
Causas:
Nutrição
inadequada, manejo com baixas temperaturas, baixa qualidade de água, estresse e
injúrias físicas propiciam a infestação. Transporte e manejo (de espécies
tropicais como as tilápias, pacus, tambaquis e outras espécies), com baixas
temperaturas no inverno e início de primavera podem favorecer as infestações.
Controle:
Retirar
os peixes mortos, e manter o manejo nutricional requerido pela espécie, estocagem
ideal; não manusear os peixes quando as temperaturas estiverem baixas para as
espécies utilizadas. O sistema imunológico da maioria dos peixes citados acima,
não funciona em temperaturas abaixo de 18 graus.
Na piscicultura onde ocorreram estas mortalidades as variáveis limnológicas estavam alteradas, a concentração da alcalinidade total estava com 11 mg/L, o pH estava em 5,5, amônia e nitrito elevados e o oxigênio estava abaixo de 3 mg/L. A agua passava de viveiro em viveiro, contaminando os peixes e todos os viveiros apresentavam grande mortalidade de peixes.
O
controle dos parasitas depois de se tornarem uma patologia não é simples, demanda atenção às condições de
criação que os peixes são submetidos, como: água com boa qualidade, desinfecção
dos ambientes de criação e vazio sanitário durante uma semana (pelo
menos). O manejo alimentar influencia na resistência dos peixes frente ao
parasito; peixes mal nutridos são susceptíveis a infestação parasitária. A
quantidade e tamanho dos peixes estocados devem respeitar a capacidade de
suporte, as formas jovens são mais acometidas pelo icthyus ou outros parasitas. Cerca de 80 a 90% dos problemas sanitários são resolvidos com o controle das variáveis ambientais e manejo adequado.
Cuidados importantes:
Aplicar a depuração e jejum antes de manejos e transporte:
PROCEDIMENTOS PARA PREVENÇÃO E CONTROLE DAS PATOLOGIAS
Cuidados importantes:
Aplicar a depuração e jejum antes de manejos e transporte:
·
ALEVINOS: 24 HORAS
·
PEIXES GRANDES: 48 HORAS
·
PEIXES CARNÍVOROS: 48 HORAS
·
Os períodos acima são suficientemente adequados para esvaziar o trato
digestivo dos peixes; quando os peixes são carregados diretamente dos viveiros
recomenda-se suspender a alimentação 48 horas antes do embarque.
·
USO DE INSUMOS:
SAL (NaCl):
·
03 a 08 g/litro na caixa de transporte e nas embalagens plásticas de
alevinos utilizar 80g em 10 de água;
·
03 a 08 kg para 1000 litros de água.
Mecanismo
de ação do sal: Preventivo e compensador evitando a manifestação do estresse, pela
queda de cloreto no plasma. Melhora a sobrevivência dos peixes durante e após o
transporte, facilita a manutenção do equilíbrio osmorregulatório, deixando a
concentração de sais na água mais próxima da concentração de sais no sangue dos
peixes, assim como aumenta a produção de muco nas brânquias, o que ajuda
reduzir as perdas de sais do sangue para a água. O sal aumenta a produção de muco
sobre o corpo, recobrindo os ferimentos e reduzindo os riscos de infecções
secundárias por bactérias e fungos. A presença do íon sódio (Na+) na
água favorece o mecanismo de ação de excreção de amônia do sangue para a água.
Calagem é a aplicação de cal (cal
virgem) no viveiro, com a finalidade de correção do pH do solo ou da água e desinfecção do viveiro. A
aplicação de cal (CaO) pode ser feita de acordo com a seguinte tabela, por
hectare de viveiro, valor de pH e natureza do solo.
Quantidade de cal (CaO) em t/ha
|
|||
pH do solo
|
solo argiloso
|
solo pouco argiloso
|
solo arenoso
|
5,5 a 5,9
|
3,0
|
1,8
|
1,0
|
6,0 a 6,4
|
2,0
|
1,0
|
0,5
|
6,5 a 6,9
|
1,0
|
0,6
|
0,2
|
7,0 a 7,5
|
0,5
|
0,3
|
0,1
|
"PREVENÇÃO SEMPRE É O MELHOR REMÉDIO"
Qual a eficacia de se adicionar gesso no transporte?
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